A fome e o jejum.

A cada dia que passa sinto mais fome. Quanto mais fome eu sinto, mais percebo que vou me tornando um ser animalizado. Quem não participa de Missas não pode imaginar plenamente o que estou falando. Mas todos sabem o que são animais famintos.

Uma hora haverá - já há - banquetes que substituirão o Banquete; fiéis, incrédulos ou satanistas começarão a considerar o que deve ser devorado ou não, para saciar os desejos e necessidades, mundanos ou dos eremitérios, contraditórios ou conflitantes, que emergirão das almas anestesiadas, já que não há, nessa gigantesca necrópole, a não ser um pequeno número singrado pela Honra do Nosso Redentor, quem mencione a Ausência dos Sacrifícios por um minuto sequer...

Então os atos antropofágicos, as vozes famintas e as alucinações da fome serão os costumes dos homens animalescos...

Entretanto, a fome sempre virilizou o mais frágil e feminino dos seres. Guia a caça e o caçador compenetrado, e seu olhar vidrado e seco à sua presa, acompanha seu inimigo, que enquanto estiver vivo, continuará sendo seu adversário. O jejum dos cristãos se prolonga... Até se tornar um Mistério dentro em breve revelado.

"Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar."

1 São Pedro, 5:8

A fome de Satanás e de todos os condenados eternamente, lançados fora, para sempre, da Presença da Graça, foi o que nos fez chegar até esse ponto.

Mas o ponto é que Satanás se esqueceu que quando retirados os bens das almas famintas pelo Bem, a Ira, essa moça que implora e se ajoelha diante a Justiça, o põe novamente em sua eterna narrativa destinada aos espíritos dos abismos, que buscam, como todos os demônios que conversei, esquecer de suas próprias narrativas, com as dispersões e os alimentos que o esquecimento proporciona, até contemplarem a Verdade, os confrontando com um furor aniquilador.

"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!"

São Mateus 5:6

E seus tormentos constantes, os calafrios, o choro e ranger de dentes, despertados nessas lembranças, da memória de que haverá sempre os saciados, trará a luz aos que vivem as trevas, essas criaturas impotentes que jamais retornarão à suas naturezas primordiais...

Jamais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário